A minha primeira experiência na nova realidade da missão durante o tempo da Semana Santa nas cinco comunidades católicas dos povos Indígenas que pertencem à Paróquia de Belém na diocese de Alto Solimões .
Eu, a Ir. Sunitha e o Frei Marcos, primo da nossa Ir. Aluana, chegamos na comunidade de Vendaval na quinta-feira santa onde permanecemos e de lá visitamos outras comunidades vizinhas. As pessoas nos acolheram muito bem nas suas comunidades, com muito carinho e respeito, apesar da dificuldade de comunicar conosco devido ao problema da língua. Tivemos a graça de ter sempre conosco os jovens e algumas pessoas das comunidades que falavam português e que conseguiam traduzir para nós as falas do povo e também nos ajudaram para traduzir as nossas falas em português, para o seu povo, em língua materna, Tícuna. Eles também ficaram muito felizes de ver as missionárias dos outros países chegando no meio deles.
As missas e celebrações na Semana Santa (Quinta-feira, Sexta-feira, Sábado Santo e Domingo do Páscoa do Senhor) em todas as comunidades que passamos as igrejas estavam cheias com pessoas idosas, adultos, jovens e crianças. Nas missas o Frei Marcos rezava em português as partes fixas da missa e o povo respondia em sua língua materna. Eles rezam e cantam em sua língua materna com muita alegria.
Na Quinta-Feira Santa na missa, o Frei Marcos fez um gesto muito significativo. Devido a pandemia não foi possível fazer a cerimônia do lava pés, o celebrante abraçou doze pessoas para mostrar o amor, o carinho e dizer que somos irmãos e irmãs em Cristo e que também devemos fazer isto com os outros. Eu fiquei muito tocada de ver esse gesto especialmente neste tempo de pandemia que ninguém pode abraçar a outra pessoa por medo da doença, mas aqui realmente o povo precisa de um abraço de amor, paz e força para enfrentar as dificuldades e suas lutas do dia a dia. No dia seguinte nós fomos visitar outras comunidades e eu fiquei admirada de ver que muitos jovens são catequistas e ministros da palavra. Eles que as animam com os seus talentos e os seus conhecimentos sobre a Palavra de Deus. Alguns jovens nos acompanharam nas visitas às comunidades próximas.
No domingo, antes de voltarmos para Santa Rita, fomos com Frei Marcos e alguns jovens da comunidade de Vendaval para celebrar a Missa e o casamento do um jovem, ministro da palavra da comunidade. A celebração foi muito simples mas pudemos ver os rostos alegres do casal e também de todas as famílias dessa comunidade. O momento da troca dos anéis me tocou muito por ver a emoção dos dois, emoção de serem casados na lei de Deus, uma só carne até o fim da vida. Depois da missa fomos na casa dos noivos para festejar junto com eles e suas famílias, foi um momento de grande alegria.
Todas essas experiências nos fazem ver que Jesus está realmente presente na vida desse povo. Mas eles precisam de nossa presença no meio deles para ajudá-los a crescer na fé. A missa do casamento foi um momento muito significativo que me fez reviver as Bodas de Caná, casamento onde Jesus, seus discípulos e a sua mãe estavam presentes para celebrar a festa do casamento. A presença de Jesus deu força à vida do casal e assim também a nossa presença com um sorriso, poucas palavras, amor e carinho são gestos significativos.
Terminando eu quero dizer que essas experiências me ajudaram muito a ver, conhecer e ouvir o povo dessa realidade e o que eles querem dizer para mim, missionária estrangeira que está chegando agora no meio deles.
Eu agradeço a Deus por ter-me dado essas e outras oportunidades para conhecer o seu povo nativo do Brasil. Eu estou muito feliz de estar nessa nova realidade de missão.
Ir. Stella Huti – Santa Rita do Weil, Província Brasil Norte.