Sonho que se sonha sozinho, pode ser apenas um sonho, mas sonho que se sonha juntos se torna realidade. Assim, aconteceu com o projeto Nós Mulheres Emendando Histórias. No princípio a ideia nasce fruto de um momento de oração pessoal, a partir do livro bíblico de Judite, por esse motivo se tornou a inspiração do projeto.
Olhando para a realidade periférica do bairro Vila Missionária – zona Sul de São Paulo, onde estamos inseridas como presença religiosa missionária há mais de meio século. Notei que mais da metade da população eram migrantes vindos de outras regiões do Brasil, mas sobre tudo do nordeste.
Sendo assim, comecei a observar e pesquisar sobre o assunto. Visitando as famílias, conversando com as mulheres, escutando seus relatos, que soavam como um filme em minha memória. Despertando-me questionamentos e provocações: E se essas mulheres tivessem um espaço onde pudessem partilhar suas vidas?
Ainda como noviça, recebi um o pedido da equipe de formação do noviciado, em apresentar um projeto conclusivo desta etapa de formação com início, meio e fim, em que correspondesse ao carisma da congregação de vivenciar A viva paixão de anunciar o Reino de Deus a todos os povos. Lendo nossas constituições chamou-me atenção para o número 63 de nosso diretório: “… nesse campo, devemos dar preferência às classes sociais mais necessitadas e marginalizadas. Especial atenção deve-se dar à formação da mulher, ajudando-a, através de adequada educação, a assumir o seu papel na sociedade e na Igreja”. D 63.
Como raios de luzes, juntei os acontecimentos e concebi a ideia de formar um grupo de mulheres migrantes, que contassem suas histórias, a partir das mulheres bíblicas, resgatando o passando, lançando-se para frente dentro de uma perspectiva de fé e salvação.
Desde o primeiro encontro para apresentação do projeto e das mulheres bíblica, cada mulher se identificava com a personagem bíblica e partilhava sua vida. Cada encontro uma surpresa, um relato diferente, mesmo tendo mulheres que se identificassem com as mesmas personagens.
Olhar a história de salvação do povo de Deus, que muitas vezes tem mulheres como protagonistas nem sempre reconhecidas e valorizadas, nos convidou a olhar para nós mesmas, como Deus tem tecido nossas vidas, e como tem utilizado de nós, frágeis instrumentos, chamadas a gerar, a frutificar e a doar-se ao mundo.
Com nossos sonhos, nossas conquistas, nossas desilusões, mas sobre tudo, com nossa luta e garra de viver, principalmente em tempos difíceis. Somos mulheres, que acreditam, que sofrem, que choram, que desejam e correm atrás de nossos objetivos.
Somos mulheres que não desistem, porque fomos criadas para cuidar e recomeçar quantas vezes forem necessárias, não lutamos sozinhas, a nossa força é maior. Por isso, como Judite ousamos em dizer:
“Teu poder não está no grande número, nem tua soberania entre os que tem força. És o Deus dos humildes, o socorro dos oprimidos, o amparo dos fracos, o protetor dos abandonados, o salvador dos desesperados”. Jt 9,11
Marivone Miranda, Brasil Sul
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